Entrevista à associação LGBT Rede Ex-AEQUO

1- Com 12 anos oficiais de existência, que barreiras e contrariedades é que têm encontrado, e como têm conseguido superá-las? O que é que ainda vos falta ultrapassar?

Em 12 anos de trabalho da rede ex aequo sentimos que primeiramente é importante referir que o trabalho que realizamos tem sido bastante positivo. Que os projetos desenvolvidos pela organização têm tido resultados muito positivos e chegado a muit@s jovens pelo país. As maiores contrariedades têm a ver com financiamento e este ser escasso. Trabalhamos somente com voluntári@s, espalhad@s por todo o país, e muitas vezes isso não permite um maior crescimento ou que possamos dar uma resposta maior. Vemos muito para fazer, por isso mantemo-nos muito focad@s na nossa visão e objetivos (objectivos) enquanto organização de forma a podermos fazer um bom trabalho com @s jovens LGBT espalhad@spelo país.

2- Ao longo destes anos, como é que tem sido ver a adesão dos jovens lgbt e os resultados das lutas em conjunto nas suas vidas?

É um trabalho muito gratificante o que realizamos com todas as pessoas com que trabalhamos e que tem muita adesão. Ver jovens LGBT ganharem confiança para nos contatarem (contactarem) e depois de alguns anos serem líderes, coordenarem grupos locais, irem a escolas falar sobre questões LGBT, orientação sexual e identidade de género com confiança é algo que nos deixa muito felizes e nos faz perceber como é importante o trabalho que realizamos.

3- Quando pensaram no projecto em Budapeste pensaram num projecto que pudesse dar resposta às necessidades dos jovens. Conseguiram e conseguem dar resposta a essas necessidades?

Sempre que realizamos projetos (projectos) fora de Portugal é no sentido de permitir um intercâmbio entre pares, seja através da participação em conferências, seminários ou outros eventos. Quando nos candidatamos sabemos que vamos conseguir dar resposta e proporcionar experiências às pessoas envolvidas que muitas vezes mudam as suas vidas.

4- Até agora já realizaram 10 ou 11 ciclos de cinema, que importância tem este ciclo para os jovens lgbt, e ao longo dos anos e como tem sido a adesão por parte de público heterossexual? Tem havido uma maior aceitação à medida que vão desenvolvendo os vossos trabalhos, e apresentando os ciclos?

Os ciclos de cinema que tentamos realizar mais e mais por todo o país, têm muito boa adesão e cada ano que passa, mais pessoas parecem interessadas não só em participar como em organizar este evento nas suas cidades. Muitas vezes temos dificuldade em fazê-lo porque não temos muitos meios. No entanto, esta atividade (actividade) mostra todos os anos ser bem recebida, com uma boa adesão, o que permite a abertura de diálogo sobre as temáticas dos filmes e ao mesmo tempo a exposição de exemplos nos media e em filme de pessoas LGBT o que é muito positivo para jovens LGBT que muitas vezes se sente, sozinh@s e isolad@s. Atividades (Actividades) como o ciclo de cinema permitem momentos de socialização entre jovens LGBT permitindo a quebra com o isolamento e também são uma porta aberta para o pública heterossexual. Portanto achamos esta uma atividade (actividade) importante.

5- Na entrevista que deram o ano passado ao dezanove afirmam que o preconceito e a violência psicológica é de 42% e 67% de colegas já terem presenciado. Pergunto, a pouco dos quarenta anos da comemoração da revolução, e em pleno século XXI esses números não são uma vergonha? E esse preconceito e essa violência não deviam ter já desaparecido? De que forma é que se deve encarar este problema? E como é que se deve combater?

Tudo o que é diferente da norma gera desconfiança e o preconceito e violência advém principalmente da ignorância. Assim, a rede ex aequo e outras organizações LGBT trabalham de forma a manter um diálogo continuado sobre questões relacionadas com orientação sexual e identidade de género. Vemos também O trabalho que realizamos em parceira com as escolas, com o CNJ e com outras organizações juvenis um importante passo para a educação para a diferença e posterior aceitação da mesma. Achamos que caminhamos para uma sociedade mais aberta para a diferença e temos por isso de continuar a trabalhar. O trabalho pelos direitos das minorias é um trabalho contínuo e que nunca acaba. Assim, o importante é não baixar os braços. Continuar a criar espaços para o diálogo, espaços para a reflexão e participação de forma a em conjunto termos uma sociedade mais inclusiva e informada.

6- Quando se aperceberam que havia psicólogos a recomendar a participação na vossa associação, para além da felicidade, era um dos sinais que precisavam para continuar?

Acima de tudo achamos que o reconhecimento por parte de profissionais de saúde, do nosso contributo para o bem estar de jovens LGBT é deveras algo
que nos deixa felizes e com a ideia de que realmente devemos continuar o trabalho.

7- Tiveram um importante contributo para que na Lei da Educação Sexual fosse incluído o tema da orientação sexual como obrigatoriedade e como combate à discriminação. Desde que foi tomada como lei, que diferenças é que têm sentido, e visto? Tem havido progressos? E conseguiram cumprir o objectivo?

O importante de ter explicitamente a menção a orientação sexual é principalmente para combater a invisibilidade do tema. Ou seja, para que haja um reconhecimento ao mais alto nível de que quando falamos em Educação sexual e em sexualidade esta não é somente heterossexual. Que a heterossexualidade é somente uma orientação sexual entre outras. Por isso sim, vemos como sucesso esta mudança na lei. Um pequeno passo para a mudança.

8- Através de um observatório de educação LGBT puderam apresentar dois relatórios que incluía vários testemunhos sobre casos de preconceito de lgbt, continha também uma brochura designada “Educar para a Diversidade: Um Guia para Professores sobre Orientação Sexual e Identidade de Género” explicativa das problemáticas da juventude lgbt. Tendo em conta os graves problemas com que os professores se deparam hoje em dia, e que são cada vez menos nas escolas, como é que vêem que está a ser tratado este tema e esta problemática?

Por todos esses problemas que mencionas se torna cada vez mais importante que o Projeto (Projecto) Educação possa ir a mais escolas. Devido à falta de disponibilidade dos professores, ao extensivo currículo escolar, a extinção da disciplina de Cidadania, etc. Muitas vezes só através do Projeto (Projecto) Educação é que se podem abordar temas relacionados com sexualidade, orientação sexual e identidade de género na sala de aula ou em âmbito escolar.

9- De que forma é que é possível quebrar a falta de informação, a par dos estereótipos, dos mitos, heteronormatividade e heterossexismo?

Criando espaços de discussão sobre a temática. Levando o tema a mais pessoas através de atividades (actividades) informais com jovens, tertúlias e conferências.
10- Tendo em conta que a escola está a levar um grande desinvestimento, que as dificuldades em casa são grandes, e a educação fica para trás, isso fará com que toda a envolvência de educação sexual, respeito pelos outros, preconceitos, aceitação também seja posto de parte. De que forma pensam que seja possível, dar um complemento a essas questões? Não se deixar descurar isso?
Mais uma vez entendemos que as organizações como a rede ex aequo, grupos informais, e os media têm um papel muito importante. Organizando espaços de discussão e debate.

11- Que outras dificuldades é que sentem os jovens lgbt e de que maneira podem lutar contra essas dificuldades, e que mensagens é que gostaria de deixar quer para esses mesmos jovens, quer para comunidade lgbt, quer também para os heterossexuais…?

No entanto se pudéssemos deixar uma mensagem seria que, por vezes parece que estamos sozinh@s mas às vezes se pedir-mos ajuda, se falarmos com alguém, esse alguém pode ajudar. Para jovens que se sentem mais isolad@s é importante que encontrem lugares como os grupos locais ou o fórum da re ex aequo, onde podem encontrar pessoas com os mesmos interesses, com quem possam conversar. Por vezes esquecemos que a vida não é só os momentos difíceis e que tudo pode melhorar. Por fim, sempre que for preciso podem nos contactar.

www.rea.pt

Obrigado pelo seu tempo, votos de bom trabalho.

Projecto Vamos Falar de Sexualidade

Entrevista por: Pedro Marques
Correcção por: BT
“Estas respostas estão escritas de acordo com o novo acordo ortográfico.” Alexandra Santos – Direcção da Rede Ex-Aequo
09 de Agosto de 2014


O Projecto Vamos Falar de Sexualidade

É um projecto que visa promover pessoas especializadas nas mais diversas áreas da sexualidade. E poder retirar dúvidas através das respostas de todos vós que me seguem.

E este projecto requer tempo, atenção, investigação, e é onde dedico o meu tempo, para que todos possamos aprender e possa promover mais a sexualidade. Por isso gostaria que me pudessem ajudar. Se pudessem deixar um euro ou o que quisessem, ficaria muito grato.

Basta aceder ao seguinte endereço: www.paypal.com
Obrigado.

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